"Entre dois Mundos"

"Entre dois Mundos"

domingo, 22 de dezembro de 2013

SILENCE IS GOLDEN - THE TREMELOES.wmv

"Silence is golden"

O título desse texto trata-se de uma linda música dos anos 60. Fala-nos de uma verdade ainda desconhecida por muitos: de que o silêncio é de ouro.

Se eu não farei o bem ao contar algo, contá-lo por quê?

Qual o propósito em emitir uma notícia que fará mal àquele que a receber? Será que me faria bem ouvir esse fato (ainda que não constatado)? O destinatário ficará feliz ao saber disso ou terá seus dias inundados pela dúvida e pela tristeza? Devo colocar-me no lugar dele ou - como sempre - passar por cima de tudo e de todos para tão somente mostrar o que descobri (ou acha ter descoberto)?

Ah, se todos pudessem exercer a arte de se colocar no lugar do próximo. Muitos males seriam evitados.

No entanto, vivemos em um mundo onde o mal ainda é uma prática corriqueira. Onde pisar em corações já feridos faz parte do cotidiano de muitos.

Deus, eu me perdi...já não sei o porquê de ter iniciado esse texto. A dor é tão grande. Dor física...dor emocional.

Ah! Lembrara-me! Ontem - inconscientemente ou não - lançaram uma erva daninha em meu lar...em meu filho.

Há anos não o via tão confiante em seu potencial. Há anos não o via tão feliz em ter a oportunidade de frequentar outros ambientes mais salutares dos que fora obrigado - por conta do egoísmo de quem lhe dera a vida - a frequentar durante esse ano que está findando.

Com um simples telefonema, baseado em fatos imaginados por sua cabeça ainda doentia, fostes capaz de destruir a autoestima, a autoconfiança que - com muito trabalho - fora construída...forjada a fogo durante meses. Ele - o fruto de nossa ligação - não merecia isso.

Não. Não  mesmo. Tu não o acompanhastes durante os momentos difíceis desse ano. Tu não o defendestes das investidas do Mal que - em forma humana - o tentara por várias e várias vezes. Tu não tivestes de receber o olhar de ódio quando ele - por querer provar o que ainda não lhe é lícito - fora repreendido por mim.

Tu não o enviastes - à força - às aulas de apoio para que ele pudesse chegar aonde chegara. Tu não tivestes trabalho algum. Logo, não tivestes o mérito de poder ver - assim como eu vira - o sorriso de quem vence uma batalha contra si próprio. Uma batalha contra o Sistema onde o incluístes com sua sempre presente forma egocêntrica de viver.

Ai...nunca pensara que voltaria a escrever contra ti novamente, homem. Nunca. Chegara a pensar que tu tivesses mudado, crescido, adquirido conteúdo. Mais um engano dentre tantos outros ocorridos nesse ano que - graças a Deus! - está findando.

Mas não poderia findar sem tristeza, não é mesmo? Sem o peso da dúvida que lançastes no coração daquele que mais tem importância para mim nessa vida! 

Não! Tu não poderias vê-lo feliz por algo que não tiveras participação alguma, além da financeira. E arrancar-lhe ceitil por ceitil somente Deus e eu sabemos o quão difícil fora, a fim de investir no futuro daquele a quem dissera amar. Se assim não o fosse, o deixarias apodrecer sob o regime de "criação de gado" do Sistema, sem pensar em nada além das próximas viagens a serem realizadas... sem ele.

Esse texto está tão confuso. Eu estou tão confusa que não sei sobre o que estou escrevendo. Não sei como chegar ao ponto certo. 

O egoísmo é algo tão interessante. Enquanto escrevo, recebo telefonemas de pessoas que se dizem preocupadas comigo, porém, não me deixaram emitir uma só palavra a meu respeito. Se eu não estivesse tão sem vida, estaria gargalhando nesse momento...


Percebas tu que o que fizestes fora cruel por demais! Guardavas o teu "achado" contigo, homem estúpido. Estavas prestes a comprometer o emocional daquele a quem dissera amar e não exitastes em fazê-lo!!!

O que conseguistes? Uma noite de lágrimas, dores, tristezas, incertezas. Conseguistes, novamente, arruinar o Ser a quem dera vida.

Não. Mas não fora somente esse o seu legado. Não. Ontem, entre lágrimas, desespero, mãe e filho abriram seus corações. Verdades ocultas foram arrancadas de corações dilacerados pela dor não demonstrada, porém, observada por olhos atentos que amam com Amor Verdadeiro.

Ontem, graças a ti, pudera ouvir de seu coraçãozinho dúvidas esclarecidas, olhos nos olhos, pois sou assim! Sou forte, ainda que cheia de pecados. Sou forte e sustento-me com meus próprios pés e, assim, posso dormir em paz.

Tivera a noção de como ele me via através de relatos - podres relatos - vindos de terceiros. Relatos esclarecidos, ponto a ponto, pondo um ponto final no mal que ainda cisma em rastejar por entre nossos pés que lutam por se manterem limpos da lama podre existente no caminho que, por ora, somos obrigados a trilhar.

Haverá um momento de Libertação. Um momento que - para ele - já chegara. Ele, graças a ti, soubera ontem, as características de cada personagem que compõe a História de Nossas Vidas.  Corações limpos, mentiras jogadas por terra, laços eternos recompostos. Por isso, eu te agradeço. 

Sem a tua inestimável colaboração egoística de ser, não teria tido acesso à escura imagem que meu próprio filho tivera de mim durante anos. Ontem, graças à tua insensibilidade, lavara minh'alma. Limpara minha ficha, suja por outros mais sujos do que eu.


Mais uma vez, esquecera-me do que estava a escrever. Deve ser dor. 

Como é terrivelmente engraçado ser mãe. A dor que o filho sente dói mil vezes mais em um coração "verdadeiramente" materno.

Está doendo. Está pesado. Está triste. Está escuro. Mas eu sei! Eu sei que o Sol há de brilhar novamente para ele!

Eu afirmo que "ali ou acolá", ele brilhará! Ele será melhor do que tu o fostes. Do que eu o sou. 

A vida, para ele, está a começar. E saiba de uma coisa: comigo, ele poderá contar para sempre. Nem a Morte haverá de desfazer o Laço de Amor que nos une, ainda que tenhamos nossos desentendimentos.

Aqui, em Meu Lar, tu nunca mais jogarás tuas ervas daninhas!

Ponto final!

23/12 - 11h58m
http://youtu.be/Fuh0JGXg4uI

sábado, 30 de novembro de 2013

Maysa - Hino ao Amor (L'hymne à L'amour)

O Dia em que enterrara minha mãe.

Fora tão recente que - ainda que o quisesse - não conseguiria esquecê-lo.

Não. Não fora tão doloroso assim.

Sim. Já aguardávamos por aquele momento desde que seu martírio - o de minha mãe - tivera início.


Em verdade, seu martírio começara antes mesmo de eu nascer.

Seu martírio iniciara-se no momento em que cruzara o caminho - hoje sei que não fora por ingenuidade - de sua grande paixão. Falo paixão em seu pior e mais drástico sentido.

Pobre mãe!  Não poderia supor que ali, naquele momento em que (talvez) sorrira para aquele homem, estaria reencontrando seu comparsa, verdugo, escravo e, por consequência, sua perdição.  Estaria frente a frente com o seu fim e - mesmo assim - optara por ficar ao seu lado.

Não. Não desmembrarei a vida - estranha vida - do casal.

Não. Não direi que passara momentos felizes ao lado dela.

Não. Não direi que recebera - dela - carinho e mimos.

Recebera dela apenas um grande e forte ensinamento, sem que ela o soubesse:

Ao cair no chão, levante-se sozinha.

Não. Não guardo mais mágoas em meu peito com relação à minha mãe. Não.

Não depois do que a vira passar ao lado dele - sua mórbida paixão, sua maldição, seu triste fim.

Deus! Não me sai da lembrança uma música de Roberto Carlos (cantor que o casal ouvia, separadamente) em todos os finais de semana enquanto estivera sob o mesmo teto em que eles habitavam.

Não me lembro bem do nome da música...

Sua letra nada tem a ver com o momento, mas, por algum motivo, escondido em minha mente ainda doente, trago a lembrança de vê-la chorar em seu quarto, sozinha, noite após noite, esperando-o voltar a casa.

Não. Ela não fora a companheira ideal.

Não. Ele não soubera respeitar o lar e a companheira que tivera.

Não.  Eu jamais conseguiria - por mais que eu tente - esquecer (o que não significa deixar de perdoar) o que ambos fizeram a mim. Efetivamente, o que mais dói é aquilo que deixaram de fazer por mim, em um momento crucial de minha infância, enquanto - como de costume - estavam entregues aos prazeres mundanos.

Não. Eu não dissertarei sobre os erros cometidos por minha mãe. Pobre mãe.

Não. Eu não condenarei meu pai por seus desvios. Pobre pai.

O que quero expressar é que no dia em que enterrara minha mãe, deixara ali, sob aquela chuva fina que escurecia a terra jogada sobre seu caixão, o peso de minha infância perdida, de minha adolescência não vivida e de minha juventude esquecida.

Restara, tão somente, a lembrança dos momentos de confidências (quando ainda lhe restava um pouco de lucidez), onde ela, em um corpo amputado, sofrido, envelhecido e corroído pela doença que, aos poucos, a matava de dentro para fora, dissera-me baixinho que preferiria a morte a dar tanto trabalho aos que dela cuidavam.

Restara a lembrança de - à mesa de um almoço bizarro onde sua rival compartilhara de nossa comida alegremente - ter segurado em suas mãos pequeninas e sussurrado em seus ouvidos: "Estou aqui. Sou contra tudo isso."

Restara a lembrança de seu sorriso quando chegava à sua casa sem que ela o esperasse.

Restara a lembrança de sua inconveniente doçura de querer que eu comesse de tudo a qualquer momento em que lá estivesse...e de seus xingamentos por eu não aceitar nada.

Restara a lembrança de ouví-la - com muita dificuldade - já cercada por aparelhos no CTI do hospital onde desencarnara, pronunciar, logo após um beijo na testa: "Durma com Deus."

Enquanto a terra úmida caía sobre seu caixão, olhara para o homem que - mesmo sem querer - acabara com sua vida, e vira um ser destruído pelo remorso, pela culpa, pela dor de tê-la magoado tanto em vida, sem necessidade. Pobre pai!

Ela partira, deixando-o embriagado, entorpecido, perdido naquela casa onde semearam apenas rancor, amargura, ódio.  Deixara-o a vagar como um espectro, a cambalear sem rumo, sem sentido...a chorar pelos cantos da mesma casa onde tantas e tantas vezes a humilhara, sem necessidade.

Um vulto a se agarrar à sua cadeira de rodas que - por muitas vezes - perseguira-me a fim de levar-me à porta, tão somente para dizer-me: "Vá com Deus...e tranque as portas quando chegar a casa!"

No dia em que enterrara minha mãe, percebera que ainda que ela não tivesse sido a mãe de meus sonhos, sentirei sua falta para sempre.

É estranhamente engraçado o fato de não conseguir regressar àquela casa sem derramar lágrimas. Sem vê-la, sentadinha na beirada da mesa de jantar, pedindo para que eu ficasse ao seu lado por mais algum tempo. E eu...eu não ficava.  Não suportava aquele lugar.

Hoje choro ao lembrar do quanto eu poderia  ter feito e não o fizera.

Sua presença ainda é forte demais naquele lugar. Talvez, por isso, meu pai - pobre pai - esteja chegando ao fim de seus dias...

Mãe! Antes de sua partida pudera - ainda que entredentes - dizer o que ora repito, livre das mágoas de outrora: "Te amo."

Cure-se. Trabalhe. Faça o bem. Evolua e, quando estiver pronta...
Olhe por nós.


30/11/2013 - 19h04m

http://youtu.be/YLsadvftBk4