"Entre dois Mundos"

"Entre dois Mundos"

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Memória

Ficara por mais de meia hora a fitar a tela do computador sem saber, ao certo, o que escreveria.

O vazio era tão intenso que chegara a ouvir o silêncio cortante de seu próprio interior.

Lembrara-se, naquele mesmo dia, sem saber o porquê, de um dos vários momentos tristes que vivenciara em sua vida.

Assim que soubera-se largada do pai de seu filho, vira-se sozinha (uma constante em sua vida) sem ter o que comer ou o que oferecer ao seu filho. Fora, por 14 anos, um ser sem sentido. Não vivera. Esquecera-se de si e de seu aprimoramento intelectual, em troca da evolução daquele que julgara ser seu companheiro para o resto de sua vida. Comparava-se a uma ameba, antes de ser abandonada. 

Acordara tarde demais.

Enfim, lembrara-se naquele momento de que alguém bem próximo dissera-lhe assim que recebera uma pequena parcela do que seu filho (se é que ele tem preço!) valia.  Ouvira, entre gargalhadas, que deveria comemorar com a família.

Sem entender o que acontecia, desconectada e desorientada, com um nó na garganta, levara seus entes a um restaurante a fim de comemorar...

Perguntava-se, tão somente, o motivo. Comemorar o quê? O recebimento da quantia? O término drástico de um casamento frio que poderia ter sido extinto de maneira menos cruel? A dor de seu filho chamando pelo pai sem ter entendido (até o presente momento) a razão pela qual o mesmo fora embora?

Comemorar o quê!?

Lembrara-se, também, de ter ouvido do "tirano": "Seu marido foi embora por você ser uma mulher frígida".  Aos prantos, no mesmo dia, ouvira "daquela que nunca fora amada" que não poderia ampará-la naquele momento (um dia após a partida "daquele que não devemos mencionar"), pois estaria atrasada para as compras do mês.

Começara a cansar-se de ter essas estranhas e incômodas lembranças que surgiam do nada. Costumava por a culpa em sua ex-psicóloga que - agora - livre de seus problemas, desejara-lhe cura e paz. 

Cura e paz...vá pro inferno!

Abrira-lhe a Caixa de Pandora e deixara-lhe sozinha com "aqueles que vão e voltam sem piedade".

Outra lembrança que não saíra de sua mente durante esses dias. Estranhos dias. Guardara na memória aquele homem que por uma noite a fizera feliz. 

Ela - por não saber lidar com carinho - mais uma vez o expulsara de sua vida e agora amargara a dor da lembrança de ter estado em seu colo, ouvindo uma doce música por ele cantada.

Queria-o de volta. Queria-o como colega, amigo, amante. De qualquer maneira, desde que pudesse ter alguém que a abraçasse durante aqueles estranhos dias, onde tornara-se invisível aos olhos "daquele que mais ama no mundo".

O pobre menino - adolescendo - já não a rejeitava tanto quanto antes. Porém, ainda não a via...não a enxergava mesmo diante dele, com os olhos cheios de lágrimas e de sua boca sem voz...

Quisera morrer em um abraço. Nos braços daquele que um dia fora tão doce e gentil com ela. Ao seu lado, sentira-se vinte anos mais nova! Vinte anos mais viva!

Brincavam como crianças, entre tapas, beijos e carinhos inocentes. 


Lembrando-se dele, sorria sem querer...

"Perdão" pensara. "Não me ensinaram a aceitar elogios, carinho."

Quisera uma chance...só uma.




31/05/2013 - 21h33m

segunda-feira, 6 de maio de 2013

BRAVEHEART...


A mensagem que esse filme tenta passar é valiosíssima!

Trata-se de lutar pelo que se quer. Trata-se de lutar pela verdade, pela liberdade, sem jamais se esquecer da lealdade. 


Lealdade - acho que alguns não entendem o verdadeiro sentido dessa palavra. Confundem-na com fidelidade, que é apenas um pacto entre corpos.

Lealdade é um pacto entre almas.

Consigo esquecer a infidelidade, mas a deslealdade não.

É algo como tirar-lhe o chão onde pisa, o pão que te sustenta.

Deslealdade é arrancar-lhe a confiança na humanidade. É fazer com que se deixe de acreditar que vale a pena estender a mão ao próximo.


E quando lhe tiram isso, nada mais lhe resta. A infidelidade desnorteia, desorienta.

O Ator e diretor Mel Gibson fora perfeito ao criar o filme "Coração Valente - Braveheart"

A cena em que willian wallace se vê covardemente traído por seu então amigo, Robert The Bruce, mostra-nos, com perfeição, o que um coração leal sente ao ser ferido em seus princípios. A expressão de desesperança, de amargura, de desespero silencioso em seus olhos é tão impactante que penetra em minh'alma, em todas as vezes em que assisto a esse filme. E não são poucas as vezes!

Antes a tortura a que ele é submetido ao final do filme, sabendo-se próximo à morte, onde se entrega aos seus valores (raros valores) de corpo e alma, sem temer a dor física pois, a dor moral que sofrera anteriormente, com a deslealdade daqueles em quem ele confiou, fora bem maior.

Hoje, após ter aprendido o que aprendi, tenho a lealdade como a maior virtude do ser humano.

Onde há lealdade, há amor, compaixão, misericórdia, piedade, benevolência, solidariedade. Um coração leal jamais machucaria alguém,  por saber a dor que isso lhe causaria. Um coração leal coloca-se sempre no lugar do outro. Não deseja ao próximo o que não desejaria para si mesmo.

Ser leal é uma tarefa árdua, solitária. Ser leal "é servir a quem vence o vencedor".

Tenho incontáveis defeitos, mas possuo um coração leal. É a única herança que posso deixar ao meu filho.

Não há dor maior do que se encontrar com a deslealdade.


 Um cão consegue ser mais leal do que muitos que se dizem humanos.