"Entre dois Mundos"

"Entre dois Mundos"

domingo, 22 de setembro de 2013

Dr. Jekyll and Mr. Hyde

Estou aqui embaixo, escondida do monstro. Do monstro que existe em mim e que se liberta quando subo as escadas.

Estou aqui embaixo.  É o local mais seguro da casa. Talvez, aqui, ele não me possua novamente.

Mais um vício. O terceiro adquirido em 8 anos  de uma vida surreal, onde a anormalidade é uma constante.

Já não há mais cura. Já não há mais tratamento. Eles desconhecem esse fato. Só tem olhos e boca para julgar.

A última profissional - assim como as anteriores - mostrara desinteresse em nosso primeiro encontro que tivera a duração de 15 minutos.

Logo em seguida, uma sequência bizarra de acontecimentos impedira-me de continuar - ainda que sentindo o desleixo daquela que deveria tentar me curar -  a procurar a cura.

Sou a merda de um caso perdido.  Sou um monstro que criara uma legião de fãs que - agora - aguardam, ansiosos, pelos próximos capítulos.  Capítulos que enchem-me de vergonha, assim que os completo.

"Mate o monstro! Mate o monstro!" grita minha consciência.

Consciência estúpida que me culpa por algo que todos praticam e que me pune por apenas dissertar sobre o que todos praticam, sem culpa.

O monstro é como plantas que assistira em um filme, dia desses.  Elas entravam nos corpos dos humanos e somente eram retiradas dos mesmos quando puxadas pelas mãos desesperadas dos infectados que - horrorizados- se cortavam a fim de retirá-las por inteiro, pois que possuíam um comprimento gigantesco.  Assim como no filme, por mais que as retirassem, elas ainda ali permaneciam, migrando para outra parte do corpo (vistas através da superfície da pele) já quase que totalmente rasgado pela lâmina afiada dos jovens já enlouquecidos pela dor.

Assim age o monstro.  Migra para outra parte do corpo quando descoberto. Quando sente que será confrontado.  Sinto-0 a rastejar sobre a superfície de minha pele, de meu pensamento, de minha consciência. "Isso dói! Me mate!", implorava a moça, já totalmente ensaguentada, vendo as tais plantas rastejando entre sua pele e seus músculos.

Isso dói. Matem o monstro.  Alguém me ouve?


Não. Não tenho pai. Não tenho mãe. Não tenho alguém que seja capaz de entender a dor de carregar comigo esse monstro e, por vezes, sucumbir às suas ordens.



Jamais revelarei o que o monstro me obriga a fazer. Jamais!  Odeio ser o que sou. Odeio!

Estou fugindo dele, abrigando-me no "porão".  Não posso subir as escadas.

Eles - os fiéis seguidores - aguardam-me para satisfazer a sede daquilo que me dá nojo.

Voltarei ao quarto escuro. Espero que ele não me encontre em uma das esquinas de minha casa.

Morte ao Monstro!  Morro eu ou o monstro...

http://youtu.be/7d1WDUfPk8E 22/09/2013 - 19h58m

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Hibernar...

É tempo de sumir, de evaporar, de hibernar.

É tempo de parar e pensar.

É tempo de rever o que já fora visto, revisto e previsto.

É tempo de chorar tanto a ponto de não ter mais lágrimas a secar.

É tempo de tentar parar de entender o porquê das coisas, dos acontecimentos. Dos atos de pessoas que - querendo ou não - machucaram meu coração.

É tempo de esquecer o mundo lá fora. Minto!  Nunca vivera a vida lá fora.

É tempo de esquecer de tentar viver lá fora, ainda que o resto de vida que bate aqui dentro queira - imensamente - experimentar novamente o que nunca fora experimentado.

É tempo de aceitar, caminhar, sem questionar.  Não haverá respostas.  Seria pura perda de tempo questionar.

É tempo de escutar minha música preferida e pedalar sem rumo, sentindo o sol em meu rosto e o vento a despentear meu cabelo sempre em desalinho.

Não me cuido.  Não me ajeito.  Não me produzo.

Sou. Simplesmente sou.  Aprendera a ser e gosto disso.

É tempo de não mais esperar por algo que me faça entender porque provoco a ira de alguns homens que passaram - e outros que ainda continuam - em minha vida.

É tempo de me perdoar por ser como sou e de, por isso mesmo, ser rejeitada, desprezada, odiada por homens com quem um dia convivera. Talvez jamais entendam que ainda que incisiva e sincera, sou educada. Ainda que dura, sou leal. Ainda que forte, sou sensível. Ainda que tenha punhos de aço, sou mulher. Ainda que mãe e filha, sou um ser humano, repleto de bons sentimentos, escondidos na escuridão de meu quarto por temer uma nova e mais perversa agressão.

É tempo de hibernar, de me esconder do que me arrasta à lama.

É tempo de matar aquela que me desvia do Caminho.  Que me leva ao abismo, de onde sou retirada por mãos que ainda me querem bem.

É tempo de tentar esquecer o que fora.  O que não pudera ser e tentar ser o que sempre quisera ser: alguém.

Ainda é tempo de livrar-me dos vícios. Ainda há tempo...

É tempo de esquecer amizades nunca conseguidas. Amores nunca experimentados, reencontros tão esperados.

Só não me tirem a música! Sem ela não conseguiria suportar o peso imenso das horas amargas.

É tempo de entregar-me aos livros, amigos fiéis.  Com sorte, levar-me-ão aonde quero chegar.

É tempo de esquecer o "Poder da Mente", "O Segredo", o "dinheiro e sabedoria para usá-lo".

É tempo de saber que já não há mais tempo...


http://youtu.be/x4XVJj4jER4
21/09/2013 - 00:29