"Entre dois Mundos"

"Entre dois Mundos"

domingo, 12 de outubro de 2014

Il Divo - A mi manera (Letra)

AMOR. O QUE SERIA ISSO?

Disseram-lhe, sussurrando em seu ouvido: "Tua doença não tem cura. Estás condenada a morrer por ela, com ela".

Como se ela já não soubesse disso há tempos...

Na aldeia onde vivia, era tida como louca. Uma louca alegre, mas, uma louca. Por quê? Não conseguira entender. Todos os dias, apesar da imensa, gigantesca vontade de não mais viver, acordava, trabalhava nos campos, cuidava de seu filho que passara a ser sua única fonte de vida. Seu único objetivo para permanecer viva.

Não se mataria, mas, sentia que aquela doença estaria a lhe corroer o que havia dentro de si. Não conseguiria fingir felicidade por mais tempo. Em breve, todos saberiam...todos enxergariam - por mais que ela não o desejasse - seu lado sombrio, triste, feio.

Perdera a família. Seus pais haviam morrido. Aqueles que tanto amara, tendo-os como sua segunda família, afastaram-se dela, por um motivo que desconhecia, deixando-a ainda mais triste.

Teriam eles acreditado em alguma maledicência do "Tirano Lascivo"? Não poderia crer nessa alternativa. Eles sempre foram tão lúcidos, tão bons. Mas, foram-se também.

Desde que reencontrara o "Senhor das Armas", conhecera o Inferno em vida. Um outro inferno, diferente daquelas que conhecera desde tenra idade.

Ele a afastara de todos. Ele disseminara a dor e a doença por onde passara e, estando ao seu lado, ela adoecera, vendo seu filho - o Homem que mais ama  no mundo - adoecer junto a ela. "O Senhor das Armas" a fizera "abrir portais" que jaziam fechados. Por aqueles portais, passaram almas perdidas, infelizes. Passaram magos terríveis que souberam adoecê-la ainda mais. 

Por sua fé, por seu grande amor pelo filho, a moça fora salva do "Senhor das Armas" que se afastara dela, deixando-a em pedaços, no chão frio daquelas estradas feitas de pedrinhas  minúsculas que machucaram - e muito - seus pés ainda sensíveis à dor.

Sofrera com o sofrimento "daquele que mais ama no mundo". Sofrera com seus insultos, com sua frieza, oriundos da doença - maldita doença - que talvez tivesse herdado da moça - triste moça - que jamais conhecera o amor. A doçura de um abraço sem intenções indignas. Pobre moça que jamais tivera um amigo com quem pudesse conversar e amenizar o caos que se fizera em sua alma.

Lutando muito, conseguira, com a ajuda dos curandeiros de aldeia vizinha, remédios que curariam "aquele que mais ama no mundo".

Agora, ele consegue sorrir. Consegue olhar para ela com um olhar de piedade...quase amor.

Ela chora e agradece por esse olhar. Afinal, se permanecera ereta, fora somente por ele. Somente por aguardar aquele olhar.

Permaneceria erguida, ainda que outros tombos a derrubassem, ainda que outras tempestades a envergassem, por aquele olhar. Pela felicidade daquele menino doce, cheio de luz, que desconhecia seu próprio potencial.

Haveria de mostrar a ele que o Amor existe! Que a Felicidade existe!  Que ele, seu grande Amor, conheceria, a seu tempo, tais sentimentos. 

A vida da moça e de seus antepassados não serviriam de exemplos para aquele menino doce que - agora - após anos de escuridão e dor, começa a sorrir. 

A moça - que já não está tão moça assim - procura, em vão, a cura. Mas, reconhece ser tarde demais.

A moça com o coração pisado e cheio de cicatrizes, algumas ainda abertas, pede ao Grande Pai que a deixe ver "aquele que tanto ama" encontrar Amigos e um Amor verdadeiro. Encontrar a Paz e o Caminho, a fim de que ela possa partir para outros mundos.

A moça, apesar de cansada, permanece corajosa e valente. Não teme o que há do "outro lado", por conviver com "eles", nesse mundo, desde que nascera.
A música fora e continua sendo um de seus remédios favoritos. A Música empresta-lhe forças para continuar seguindo em frente, ao lado "daquele que mais ama no mundo".
A moça, após longos anos de tormenta, alegra-se em ver seu filho ao lado de seu grande amor. Enfim , ele amava e era amado. Como ela, a moça, havia lhe prometido.

A moça, já bem menos moça, carrega um sorriso no rosto, esperança no olhar, e um vazio imenso no coração. Ainda não conhecera o Amor.
12/10/2014 - 10h28m

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Te ver...nunca mais.

Tu voltastes a me procurar, após aquele dia terrível, onde, quase acabastes comigo, por nada. Nada te fizera além de estender minhas mãos amigas a fim de te ajudar. Pensara que havia acabado. Que nunca mais voltaria a vê-lo. Hoje, aparecestes, sem aviso, em frente ao meu portão. Trouxestes o que deixara contigo, mas não fostes homem suficiente, humilde o bastante para me pedir desculpas por me ter deixado no chão quando nos encontráramos pela penúltima vez...

Fora fria como nunca o fora antes. Apesar de teu olhar a me procurar, evitara-o com maestria. Fora digna de um Oscar. Enquanto deixavas, retirando do teu carro o que trouxera de tua casa, em meu quintal. Aguardava-o, do lado de fora de minha casa. Ouvira-o dizer frases tolas como a provocar uma reação humana em mim. Em vão, continuavas a falar. Do lado de fora de meu portão, olhando para o nada, aguardava a tua ida, com o olhar sem vida, sem expressão, apesar de sabê-lo louco por uma reação minha...qualquer que fosse a reação. Não esperavas de mim a frieza com que fora tratada por ti naquele dia em que me abandonara, pela segunda vez, em 24 anos. Tu partiras sem ouvires uma só palavra de minha boca. Ainda assim, por uma fração de segundos, nossos olhos se cruzaram. Vira, naquele instante, que tu estavas acabado. Envelhecido, triste. Olhara-me como quem pede - desesperadamente - por ajuda.

Há três meses te procurara para isso, Francisco. E o que recebera de ti, além de uma cena de horror protagonizada por tuas ofensas, teu orgulho? Pelo Mal que ainda habita em ti? Espero não voltar a vê-lo nessa vida. Quitara minha dívida contigo. Tu, ao contrário, aumentastes a tua para comigo. O mais estranho: tenho pena de ti. Ainda quero te ajudar. Aquele que em ti habita o afastara de todos que te queriam bem. Estás só...perdido. Não me procures mais.

09/10/2014 - 22h34m