"Entre dois Mundos"

"Entre dois Mundos"

domingo, 18 de dezembro de 2016

Apenas um texto.

Há quanto tempo anseio por este momento. Momento meu, onde escrevo o que penso. Onde penso o que quero. Onde não sou julgada por não ser como a maioria parece ser. Aos 47 anos, ainda não me encaixara neste mundo. Não por ser melhor do que ele. Só não me encontrei ainda.


Aos 47, ainda não conhecera o amor de verdade. Não amar é tão vazio. Tão estranho. Tão solitário. Ouvir falar do Amor e não tê-lo vivido, é assistir à vida, como em uma grande sala de cinema, sozinha, sem ter com quem comentar sobre o roteiro do filme. Sem ter com quem dividir a pipoca. É estar na escuridão, sabendo que, de lá, somente sairei com minhas próprias forças.

Em tempos de crise, aprendera muito! Aprendera a ser mais humilde. Aprendera que, em tempos de crise (que significa mudança), já não almejo ter muita grana. Desejo apenas o necessário para sobreviver. Aprendera o valor da Gratidão. O quanto ser grato muda nossas vidas, nossa maneira de encarar os fatos e de reagir diante deles. Quanto mais agradeço, seja pelo que for, mais energias positivas atraio. Mas, não acreditam no que digo porque não sou o modelo de pessoa bem-sucedida que a sociedade nos impõe. 

Isso me faz lembrar de um vídeo que assistira sobre "Solidão Espiritual" de Bruno Gimenez (Luz da Serra). É a solidão de tentar mostrar ao próximo o quanto eu aprendi com pequenos atos diários e não ser ouvida. É tentar levar o pouco de conhecimento que possuo sobre sobrevivência a quem não tem ouvidos (ou vontade) para escutar. A maioria não entende que pensamentos são criações e que somos eternamente responsáveis pelo que criamos. 

É tão difícil viver neste mundo. Não pela Terra, presente de Deus, mas pela energia pesada que jogamos, cada dia mais, sobre nossas próprias cabeças. A reforma íntima nunca fora tão propagada, tão disponível quanto nos dias de hoje.




Mas isso não importa. É extremamente duro mudar a si mesmo. Tenho em mim, meu próprio inimigo.

Há um ser aqui dentro, que rasga minhas paredes internas a fim de voltar a viver. Luto, todos os dias, para que ele não me vença...novamente.

Anseio por paz há muito. Não sei se a encontrarei nesta vida. Não há com quem falar. Não há quem queira ouvir. Vivo (sobrevivo) com um sorriso no rosto e uma ferida no peito. 

Isso não me tira a gratidão pela vida que aprendera a ter há bem pouco tempo. Isso me libertou.

Sigo sorrindo e sangrando. Sangrando e sorrindo, sem que alguém perceba. E se alguém, por acaso, pergunta-me por algo, calo-me. Não me entenderiam. Julgar-me-iam. 

Minha alma pede, sussurrando aos meus ouvidos: "quero viver antes de partir". Tento explicar a ela que nada posso fazer, por enquanto. Peço que aguente firme porque dependemos uma da outra.

Meu filho me disse, certa vez, que minhas histórias eram muito tristes. Que, caso viesse a escrever um livro, não o leriam pelo alto teor de tristeza. Engraçado ele. 

O que posso fazer? Há tempo de plantar. Há tempo de colher. Sou, hoje, o produto do que praticara em vidas passadas, com doses consideráveis do que vivera nesta. 

Não sou boba, meu filho. Sei que se preocupa comigo. Apenas tento vivenciar o que tenho aprendido durante o Caminho. 

Sinto que já não tenho mais o viço que possuía diante das tempestades. Elas não cessam. Preciso de um descanso...uma pausa.

Um desejo? Viver um dia inteiro e ao final dele ter encontrado a Felicidade. Bastava-me um só dia. Mas...

Ainda estou viva. Por mais que eu queira, eu não desisto. Após as quedas, levanto-me sempre, sozinha, limpo minhas feridas e sigo adiante. Não me entendo. Não entendo como consigo ser tão forte e tão frágil ao mesmo tempo.

Imploro ao Pai que não me deixe cair em tentação, libertando o mal que habita meu ser há séculos. E, infelizmente, tudo aponta para isso, lutando pelo pão com poucas armas lícitas, as ilícitas surgem à minha frente, como banquetes repletos de iguarias. 

Preciso de ajuda...

Abwoon d'bwashmaia 

18.12.2016
15h45m