"Entre dois Mundos"

"Entre dois Mundos"

domingo, 19 de janeiro de 2014

Eu te ouço.

Queria que tu o soubesses, Mandy. Eu te ouço. 

Ouço teus apelos para que eu ajude aquele a quem dedicara todo teu amor maternal. Aquele amor que faltara aos teus filhos paridos por ti, tu o dedicaras de maneira incondicional a ele. 

Dessa forma, redimira-se de tua ausência em nossa infância, adolescência e juventude.

Mandy, ouvira teu apelo. Suponho que, de onde estejas, não consigas ver exatamente o que aqui acontece, mas o pressentes. Ouves o choro, a revolta de "teu filho". Ouves as blasfêmias ditas por ele contra o Pai, pois, como encontrar o Pai no Inferno?

Só os que já O conheceram e O sentiram em algum momento de suas vidas podem, na efervescência da adolescência - entre as lavas que escorrem das rochas escorregadias do abismo - suportar a extrema dor que é conviver com o Mal, personificado: teu marido. Meu pai. Seu avô.

Mandy, finalmente ela acordara. Finalmente, ela o vira com os meus olhos. O Tirano ainda vive. Mais letal, mais fétido, mais cruel do que outrora. 

Por não conhecer a saúde física - de tanto desgastar seu corpo com atos e pensamentos impuros - tenta atingir aqueles que a possuem com palavras amargas, impregnadas de inveja, ódio.

Por não conhecer a inocência e o viço da juventude, ataca-os de maneira hostil. 

Eu sei. É com isso que te preocupas, Mandy. Tu me pediras: "Cuida do meu filho! Cuida do meu filho!".

Agora, somos duas aqui na Terra, Mandy. Acalma-te. Ela acordara.

Tu me fizestes enxergar um futuro desolador...terrível. Um quadro dantesco que eu  fizera questão de mostrá-lo àquela que pariu "teu filho", Mandy. Ela acordara.

Viver no Inferno desnorteia qualquer um. Tu o sabes melhor do que ninguém, Mandy querida.

Acalma-te! Custe o que custar, "teu filho" não cometerá nenhum desatino, ainda que mãos invisíveis o empurre para um desfecho infeliz.

Tu fostes ouvida, Mandy. Acalma-te. Cura-te. Estamos "acordadas" agora. Acalma-te...

Haja o que houver, o Tirano não alcançará seu sórdido objetivo. Eu te asseguro, Mandy.

Não chores mais. Deixa que teus amigos, que te cercam onde te encontras agora,  cuidem de ti. Precisamos de tua ajuda. Porém, para que nos ajude, é preciso que tu estejas bem. Não chores mais, Mandy. Teu choro dói em mim, aqui na Terra.

Aquilo não acontecerá. "Teu filho" terá um futuro brilhante, assim como o meu filho também o terá, bem longe do inferno onde ora habita.

Creia-me, Mandy. Creia-me!

Fica em Paz, Mandy.

Te amo.
19/01/2014 - 12h36m

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