"Entre dois Mundos"

"Entre dois Mundos"

domingo, 4 de junho de 2017

Quase sem Esperança.

Ao som de Bach, em uma noite de domingo, perto de seus 48 anos, ela não sentia seu coração bater. Passara, mais uma vez, o final de semana sozinha, em sua casa, sem um abraço, uma conversa, um apoio de quem quer que fosse.

 https://youtu.be/5AaTCs7ulgg

À essa altura da vida, a solidão pesava por demais. Ouvira de quem amava - o único amor que conhecera em sua vida aqui na Terra - palavras duras que mostravam o quão fracassada ela fora em toda sua vida.


Já não dormia, não se alimentava. Em sua mente, somente números em vermelho de sua conta-corrente. A preocupação devoradora daqueles que possuem um nome limpo e por ele, lutam bravamente. Dias difíceis para todos de seu planeta.

Não se abria com outras pessoas. Não havia ouvidos que a ouvissem. Ouvira, de muitos, que ela não possuía problemas; que não sofria de problemas psicológicos. Era tida como possuída - ou perseguida - por maus espíritos. Ainda que procurasse entender quem a diagnosticava dessa maneira, doía-lhe na alma, ainda sensível. 

Quanto menos Vida havia em sua vida, mais sensibilidade possuía. 

Chegara a um abismo. Não pularia ou ceifaria a vida que Ele a dera. Nunca.
Não roubaria daqueles que nada fizeram contra ela.

Resolvera trilhar por um caminho conhecido e percorrido em outras eras.


Quanta dor! Haveria fim para seus tormentos? Por mais de vinte anos, não soubera como chegar à praia e descansar após vários naufrágios, um após o outro.

Quem a visse sorrindo, não imaginaria o rio de lágrimas que inundava sua alma.  Escondia de todos, os seus sofrimentos. Escondia-se de todos. 

Já não havia como lutar. Uma luta hercúlea contra um gigante que não permitia fracassos.

Queria tanto desistir, mas, seu espírito era guerreiro. Não a deixava descansar. 

Queria Viver e não compreendia porque não lhe fora possível após 47 anos de vida. Já não sabia mais que rumo tomaria. Completamente perdida, desnorteada e sozinha, não possuía o simples direito de recostar sua cabeça atormentada em um ombro amigo.

Prestes a contrariar seus mais puros princípios, rogava por um milagre. Mas, lá fundo, ouvia uma voz que dizia não haver milagres. Que tudo era cientificamente comprovado. 

Pai, se eu partir antes da hora, sofrerei mais ainda. Se eu ficar, SEM UM MILAGRE, pecarei novamente. Os mesmos pecados de outrora que me fizeram voltar ao ponto de partida.


Quase sem esperança e sem vida dentro de si, volta à cama, em seu quarto, de onde não saíra durante um lindo domingo de sol, por onde vira, através da janela gradeada, pessoas cantarolando, sob o céu.


Entrego-me a Ti. 
Lutei todas as lutas. Já não sou tão forte quanto costumava ser.

Perdão...

04-06-2017

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